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O que o teu cabelo diz sobre os teus genes

Já alguma vez pensaste porque é que o teu cabelo é como é? A cor, a espessura, a quantidade, o facto de ser liso, ondulado ou encaracolado? A resposta vai para além do que herdaste da tua mãe e do teu pai, atravessando gerações até aos primórdios do homem.

Aviso: este artigo não é uma lição de história, mas sim um texto que irá mudar a forma como vês o teu cabelo para sempre. Conhecer e compreender a herança do nosso cabelo pode alterar radicalmente a percepção daquilo que o nosso cabelo precisa e, em última instância, ajudar-nos a fazer escolhas mais acertadas durante as compras.

Quem sabe, sabe.

A hereditariedade do cabelo pode ser um conceito novo para os cabeleireiros, mas não o é na Lush, graças ao cofundador e CEO Mark Constantine, que trouxe a sua experiência como tricologista para a empresa. Para Mark, o nível do serviço de cuidados capilares e conhecimentos diminui drasticamente em zonas com uma maior diversificação de "tipos" de cabelo, como é o caso do Reino Unido.

Mark explica: "Se fores trabalhar para as lojas na Itália, de um modo geral todos têm um cabelo muito parecido e todos conhecem o seu cabelo muito bem. Foi por isso que, quando fui trabalhar para Milão, o novato era melhor que eu a aconselhar sobre esse tipo de cabelo, uma vez que o conhecia tão bem. Se tivermos uma conversa com alguém que tem exatamente o mesmo cabelo que nós, é muito mais fácil confiar na veracidade do que estão a falar.

"No Japão, ainda mais. Lá eles compreendem realmente o seu próprio cabelo e o que fazer com ele. O que têm em comum é que todos acreditam na saúde das suas raízes e foi ao falar com eles sobre a saúde do couro cabeludo que tive a ideia da Roots. Por isso, é verdade que se estivermos num grupo onde todos partilham a mesma ascendência, o conhecimento desse cabelo em particular é muito mais forte. Na Inglaterra, é um caos. Quer dizer, se tivermos um tipo de cabelo ‘britânico’, provavelmente será o cabelo ruivo escocês. Mas nem esse é tipicamente ‘Inglês’.”

"A minha filha, Claire, vai a um cabeleireiro japonês em Londres porque eles sabem cuidar de um cabelo liso e fino. Mas será que os cabeleireiros compreendem a ligação entre a hereditariedade e os tipos de cabelo? Não. Os clientes entendem? Não. Deveriam? Bem, a Claire foi muito inteligente ao compreender isso.”

Então, como é que podes desvendar os segredos do teu próprio cabelo? Ao combinares um pouco do teu conhecimento sobre a tua árvore genealógica com as informações que se seguem, ficarás apto a compreender todos os caracóis, ondas e peculiaridades do teu cabelo - e inclusive como tratá-lo.

Quando tudo começou…

Vamos voltar atrás, até ao princípio. Falamos de 5 a 7 milhões de anos atrás, quando a maioria dos biólogos evolucionistas concorda que a espécie humana surgiu na África Oriental. De habitantes das cavernas que se arrastavam com os nós dos dedos a "sábios" homo sapiens, os humanos não só se endireitaram e desenvolveram um maior intelecto, como os seus corpos também evoluíram (durante longos períodos de tempo) para se adaptarem às condições ambientais. O cientista de cosméticos e inventor de produtos Lush, Daniel Campbell, explica: "A vida humana começou em África. À medida que os humanos migraram para diferentes partes do mundo, as pressões ambientais mudaram-nos a nós e à nossa aparência; é assim que a evolução funciona. Os genes que melhor se adaptam ao ambiente são os genes com maior probabilidade de serem transmitidos. É o darwinismo básico, por isso não é a sobrevivência do mais forte, mas sim a sobrevivência do que melhor se adapta a esse ambiente".

De caracóis, a ondas, até ao liso.

À medida que os seres humanos evoluíram em África, foram perdendo o pelo que cobria a maior parte da sua pele, deixando a maior parte para proteger o topo da cabeça e, consequentemente, o cérebro, do sol escaldante. Durante um longo período de tempo, o nosso cabelo liso, semelhante ao de um animal, transformou-se em cachos apertados e texturizados, à medida que o folículo piloso adquiriu uma forma oval. Há muitas razões pelas quais se pensa que isto aconteceu. Em primeiro lugar, o cabelo encaracolado é mais eficaz na prevenção da entrada dos raios UV no corpo e, por isso, é mais protetor. Reage melhor ao suor e à humidade, voltando rapidamente à sua forma original, e a sua densidade esparsa e a sua textura arejada e esponjosa aumentam a circulação de ar fresco no couro cabeludo para evitar o sobreaquecimento.

"À medida que os humanos migraram para longe do equador e se instalaram em locais como o Norte de África, assistimos a um relaxamento da ondulação", continua Daniel. "O cabelo continua a ser espesso, mas a ondulação é muito mais solta e suave."

Assim que os humanos se deslocaram ainda mais para norte, o cabelo perdeu a sua ondulação e acabou por se tornar liso. Crê-se que o cabelo liso facilita a entrada da luz UV no corpo, essencial para a produção de vitamina D em países que não tinham o mesmo nível de luz solar que os seus antepassados africanos. O cabelo caucasiano, ou europeu, é muito mais fino, o que significa que cai para baixo, cobrindo as orelhas e o pescoço, o que é perfeito para reter o calor em climas mais frios.

Hoje, a indústria capilar divide os tipos de cabelo em três classificações baseadas na etnia: Afro, Caucasiano e Asiático. "O cabelo asiático tem elementos do cabelo do Norte de África, sendo escuro, espesso e abundante", afirma Daniel. "Mas também é liso ou um pouco ondulado, como o cabelo do sul da Europa, e a razão para isso é que, para chegar à Ásia, os humanos tiveram de migrar para a Europa e voltar a descer, pelo que o cabelo asiático tem traços de despigmentação e depois de repigmentação."

Globalização

À medida que os milénios passaram, os seres humanos continuaram a espalhar-se por todo o mundo, Dan diz que o padrão da hereditariedade do cabelo ainda hoje pode ser visto em todo o mundo. "Se pensarmos como um globo terrestre com linhas que o atravessam, há uma semelhança no cabelo das pessoas onde essa linha se situa, porque as condições ambientais são semelhantes." Para citar alguns exemplos, o equador atravessa a Indonésia, o norte do Brasil, o Equador e o Quénia. O Trópico de Câncer atravessa o México, o Egipto, a Arábia Saudita, a Índia e o Sul da China, enquanto o Trópico de Capricórnio penetra no Norte da Austrália, no Chile, no Sul do Brasil e na África do Sul. "São as mesmas condições, mas as massas de terra estão em locais diferentes".

Sobre a cor

A cor natural do nosso cabelo e da nossa pele é determinada pelo pigmento melanina e, mais importante ainda, pela sua quantidade. Os cientistas sugerem que os tons de pele mais escuros produzem mais melanina, uma vez que esta forma uma barreira mais forte contra os raios UV nocivos, ao passo que a pele e o cabelo mais claros têm menos melanina, porque esta permite que ao corpo absorver com mais facilmente a luz solar e, por conseguinte, produzir vitamina D, necessária para manter os ossos fortes e saudáveis. Logo, onde toda a vida humana começou, em África, era necessário protegermo-nos do sol diariamente, pelo que a nossa pele e cabelo eram naturalmente escuros, repletos de melanina protetora. Mas, à medida que os seres humanos migraram para norte através da Europa, há 42.000 anos, onde o sol não é tão forte, a nossa pele e cabelo adaptaram-se, ao longo de muitas, muitas gerações, a um nível que equilibrava a proteção UV com a necessidade de vitamina D.

A Escandinávia foi a última região da Europa a ser colonizada, após o degelo da era homónima, deixando o caminho livre para os colonos há apenas 11 700 anos. Sendo um dos locais do planeta que recebe menos luz solar, os escandinavos têm tradicionalmente a pele mais clara e o cabelo mais claro. "Se olharmos para o tipo de cabelo clássico do Norte de África e do Sul do Mediterrâneo, é óbvio que são bastante semelhantes", afirma Dan. "Depois, à medida que subimos do Mediterrâneo para a Europa Central, começamos a ver tipos de cabelo anglo-saxónicos mais tradicionais: começam a surgir castanhos mais claros, ruivos e louros. Depois, à medida que nos deslocamos da Inglaterra para países como a Dinamarca, o cabelo começa a perder ainda mais a cor e torna-se mais suave, mais liso e mais fino. E, conforme subimos mais e mais, perdemos cada vez mais pigmento do cabelo até à Escandinávia, onde a maioria das pessoas é loura, e é loura por uma razão: não precisa do pigmento para proteger a pele e o cabelo".

Vamos falar sobre ruivos

Portanto, um espetro decrescente de pigmentação explica os cabelos pretos, castanhos e louros, mas e os ruivos? Na verdade, existem dois tipos de melanina: a eumelanina, de cor acastanhada e preta, e a feomelanina, de cor amarela avermelhada. A falta ou a baixa concentração de um deles fará com que a cor do cabelo fique de um tom diferente do outro. O cabelo ruivo é a mais rara das cores de cabelo e tem a maior quantidade de feomelanina e níveis muito baixos de eumelanina, cujas quantidades variáveis determinam se uma pessoa tem uma tonalidade louro morango, acobreado ou ruivo (menos para mais eumelanina).

Os ruivos existem predominantemente nas nações celtas da Irlanda (10% da população) e da Escócia (5%), mas a região do Volga, na Rússia, também regista uma grande concentração de ruivos. Dan explica: "A forma como a cor funciona é através da entrada de luz e, dependendo da composição química da superfície que a onda de luz atinge, alguma luz será absorvida e a luz que é reflectida dá-nos a cor. Assim, existem diferentes químicos no cabelo que reflectem a luz em diferentes comprimentos de onda e é por isso que se obtêm diferentes cores. Logo, quando um tipo de proteína diminui, começamos a ver cores diferentes, o que nos dá ao louro avermelhado semelhante ao de Lily Cole, que é mais do norte da Europa, escandinava, enquanto que alguém como Julianne Moore tem um tom mais acastanhado no seu cabelo, uma caraterística mais celta".

E agora o que eu faço?

"Se existir diversidade na tua família, é muito bom saber, porque isso vai ajudar-te a compreender o que o teu cabelo pode e não fazer. Nós sabemos disso porque formulamos produtos com base nisso, mas não creio que a indústria de cosméticos o faça, porque, na sua maioria, tentam trabalhar em torno de uma ideia estandardizada de "tamanho único" do que é considerado bonito. Para conseguirmos alcançar o que queremos com o nosso cabelo, sabermos o que melhor funciona ajuda-nos a alcançar o que queremos."

Tal como o velho ditado culinário "o que cresce junto, combina", a Lush acredita que conhecer as nossas raízes pode ajudar-nos a descobrir quais os ingredientes mais eficazes para o nosso cabelo. "Penso que as respostas existem sempre na natureza," explica Dan. "Sou um grande crente na utilização de ingredientes em harmonia com o que temos naturalmente, por isso quando formulo e recomendo produtos, o que realmente me interessa é utilizar ingredientes que são cultivados no local de origem dessas pessoas para obter os efeitos desejados. Considero incrivelmente inspirador o facto de as pessoas terem sido capazes de se desenvolver e sobreviver utilizando o que tinham à sua volta. Hoje em dia, tal como ao longo da história, as pessoas sempre quiseram ter uma boa aparência e, para isso, utilizaram o que estava à sua volta. A genética transmitida resultou de decisões com base na atração. Portanto, se esses materiais naturais ajudaram a tornar o nosso antepassado mais "atrativo", porque é que não funcionariam para nós?

"O corte, a cor e a manutenção são as coisas mais importantes para as pessoas no que toca ao seu cabelo. Pode ser útil saber de onde vens ou o que o teu cabelo diz sobre a tua descendência, pois isso vai ajudar-nos a sugerir algo a que o teu cabelo vai reagir melhor. Claro que o coração quer, o que o coração quer, mas quando se abraça o que é natural em nós, saber qual é a nossa origem pode ser muito importante pois permite-nos trabalhar de acordo com o que temos, em vez de contra."

Agora que aprofundaste os teus conhecimentos sobre o cabelo, poderás encontrar aqui os produtos perfeitos para as tuas mechas.

Por Natalie Denton

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